segunda-feira, 8 de abril de 2013

À Nina

Dia 1º de janeiro deste ano virei ovo-lavto-vegetariana porque sempre me pareceu crueldade o que faziam com os animais, mas nunca soube, na verdade, o q era se importar realmente com um animal, já que nunca tinha tido um por perto; no dia 4 de janeiro a noite, Esteban encontrou a Nina na rua, com aproximadamente 1 mês, desnutrida e com uma gripe que estava a ponto de matá-la e a trouxe pra casa.

Sempre quis ter um gatinho, sempre tive medo de cachorros, mas era louca por gatos sem nunca ter tido um. Apesar de tudo, achava que não era o momento para acolhermos a um animalzinho, já que a situação aqui na Espanha está complicada e não sabemos por quanto tempo ficaremos aqui, nem para onde iremos. Deu igual, passado o fim de semana de um super feriado prolongado na Espanha, tentando encontrar um veterinário pra levar aquela gata, tão pequenininha e a princípio tão arisca, já tinha me afeiçoado.

No dia 8, terça-feira, finalmente, conseguimos consulta no hospital veterinário da Universidade Complutense. Enquanto esperávamos pra sermos atendidos, Nina respirava tão mal por conta da gripe que em algum momento, pensávamos que tinha morrido, pois não víamos nenhum movimento e foi aí que vi o quanto já me preocupava e o quanto aquela gatinha (que até então nem sabíamos se era macho ou fêmea) já tinha me conquistado.

Agora, Nina está curada, super saudável, já tomou suas vacinas, não tem mais nada de arisca, é super carinhosa, minha companheira que passa todo o dia atrás de mim e sei que pra onde quer que a gente vá, nos próximos meses ou anos, ela estará com a gente.

Escrevi tudo isso porque acabo de encontrar com o vizinho do apartamento ao lado no elevador. Não tenho idéia do nome do vizinho, nem do que faz, nem nada, mas era o vizinho dono do Homer, um labrador enorme, bege, cara de velhinho, simpático que se tirava no chão com a barriga pra cima pra quem fosse, pedindo carinho. Eu e o vizinho só nos reconhecemos quando vimos que os 2 iam pro quarto andar. Ele falou "ah! você é a menina do apartamento ao lado" e eu falei "e você é o dono do Homer". Daí ele me comentou que o Homer morreu. Faz duas semanas, tiveram que sacrificá-lo. Eu nunca convivi com o Homer, devo ter feito carinho nele uma única vez porque, quem me conhece, sabe que realmente tenho pavor a cachorro, mas doeu em mim. Entrei em casa com os olhos cheios d'água e pensei no terrível que seria perder a minha Nina e pensei também no quanto mudei em relação à minha empatia com os animais e seus donos.

Sempre me pareceram tontas estas pessoas que se referem aos seus animais como se fossem seus filhos e nunca tinha me comovido de verdade quando alguém me contava que seu animalzinho tinha morrido. Agora estou eu aqui, com tanto amor pela Nina, que saio de casa por uma tarde inteira e já estou louca de vontade de voltar para estar com ela. Já receosa das 3 semanas que passarei no Brasil em Junho sem ela.

Creio que os deuses, orixás, meu guias ou quem esteja me olhando e tentando me indicar por onde seguir, puseram esta querida pedrinha no meu caminho (com um namorido que trabalha com pedras, não preciso dizer o qt esta metáfora é carinhosa, né?!) para que eu me tornasse uma pessoa melhor e adquirisse um tipo de sensibilidade que nunca havia despertado em mim. Me ensinou o que é ter amor por um animal. Talvez não seria uma vegetariana realmente sincera de sentimentos se Nina não tivesse aparecido na minha vida. Obrigada!